"If I just lay here would you lie with me and just forget the world?"
Onde estou? Quem são esses milhares de rostos ao meu redor? Como vim parar aqui? Estou confuso. Perdido. Desorientado. Onde é a saída? Ela ao menos existe? Não? Foi o que eu imaginava... Talvez eu deva me manter aqui. Talvez o universo esteja tentando me avisar algo. Talvez... Só talvez. Mas porque aqui? Todos esses olhares, todas essas vozes que sussurram-me frases incompreensíveis. Quem sabe eu esteja em outro país, ou até mesmo em outro continente!? Isso explicaria a angústia e até essa intensa e constante vontade de fugir. Afinal, tudo o que eu mais quero é ir para casa. Entrar em meus grossos e confortáveis cobertores e dormir. Muito. Se possível, acordar apenas quando esse mundo deixar de ser esse mundo e se tornar algo novo. Aposto que tudo seria melhor...
Eu continuo aqui, nesse lugar desconhecido, rodeado por essa gente desconhecida. Ficarei aqui para sempre? Não... Minha família, meus amigos, eles sentirão minha falta. Não é? Eles se importam comigo. Ou será que... Eles não se lembram de mim? Porque eu sinto, do fundo do meu coração, que já faz um bom tempo que os espero. Tempo mais que suficiente. Tempo demais.
Espera, onde todo mundo se meteu? O barulho cessou, os rostos sumiram, e a sensação de solidão que já estava presente tornou-se ainda maior. Até os estranhos me abandonaram... Procurei-os durante um tempo, mas quanto mais eu andava por aquele campo de gramíneas extremamente verdes sem nenhum outro ser vivo, maior o lugar se tornava. Estava tudo calmo. Calmo demais. Não gosto disso. A calmaria me remete a solidão que nesse momento quero esquecer que sinto. É tão difícil assim ficar perto de mim?
De repente, deixo de sentir o chão embaixo dos meus pés. Começo a me sentir mal. Dores fortes na cabeça. Pontadas no estômago. Uma tontura que começa leve, mas vai se tornando mais intensa a cada segundo. Olho para baixo, mas me arrependo no mesmo momento. Eu estou caindo. Em um buraco que parece que não tem fim. Olho para cima e também já não consigo ver a luz, o seu começo. Exatamente como minha vida se encontra nesse momento. Sem começo, sem fim, apenas um borrão negro e sem vida, que suga a vida de dentro de mim. Aqui não existem colchões, nem quentes cobertores. Mas mesmo assim, tenho a sensação de que me encontrei uma nova casa.